O samba na minha vida é tudo. Ele é o meu Norte.” É dessa forma, beirando a devoção, que Thiago Soares encara o desafio de defender o gênero musical que tanto ama e leva pelas rodas de samba Brasil afora. Com mais de 15 anos dedicados à música, ele segue apontando sua bússola rumo a esse Norte, que é o samba, com um foco ainda maior em sua carreira como cantor.
Bagagem, Thiago tem de sobra. Ex-integrante de grupos como Bom Gosto e Clareou, ele sempre se destacou pelo jeito de levar o samba, seja ele em sua versão mais romântica ou em animados partidos-altos. A vivência junto às bandas de que fez parte somada aos últimos anos em que vem apresentando seu trabalho a frente de sua própria banda moldaram o perfil de Thiago e fizeram com que o cantor se firmasse como um dos mais promissores nomes do atual cenário musical.
Thiago Soares também é um dos principais compositores da nova geração do pagode. O talento, surgido com paródias de músicas na época da escola e desenvolvido através de muita prática, faz com que o cantor seja responsável por um sem número de músicas, compostas em parcerias ou sozinho mesmo.
Algumas delas foram gravadas por feras como Thiaguinho (‘Fotos antigas’), Mumuzinho (‘Não quero despedida’), Dilsinho (‘12 horas’), Tiee (‘Porradão’), e Chininha & Príncipe (‘Amor a três’, ‘Pai do filho dela’ e ‘Nem todo homem sente’), além, é claro, do próprio Bom Gosto (‘Amor bipolar’, ‘Parakundê’ e ‘Um sentimento’) e Clareou (‘Só penso no lar’ e ‘Degradê’). Em seu trabalho solo, destacam-se as faixas ‘Nudes’ e ‘Pior Samba’, que segundo o próprio cantor, em tom de brincadeira, virou o “hino dos bêbados”.
O amor pelo samba, Thiago traz inscrito no DNA. O pai, Seu Salvador, foi ritmista de várias escolas de samba e a mãe, Dona Maria Emilia, trabalhou na Beija-Flor de Nilópolis, agremiação da Baixada Fluminense, o que proporcionou ao, então, menino crescer cercado por toda a atmosfera que viria a indicar o caminho que iria seguir mais tarde. O avô, que, assim como o pai de Thiago, se chamava Salvador, também teve importante influência musical sobre o neto. É que, apesar de farmacêutico, ele era seresteiro, cantava muito bem e apresentou a Thiago artistas do quilate de João Nogueira, Cartola e Adoniram Barbosa.
Mesmo com todas essas influências, a decisão de virar músico veio com o boom do pagode na década de 90. Ao tomar conhecimento de artistas como Délcio Luiz, Salgadinho e Anderson, do Molejo, Thiago soube que era aquilo que queria fazer para o resto da vida. Autodidata e muito observador, ele aprendeu tudo sozinho, desde tocar até cantar. O primeiro instrumento foi um cavaquinho, ainda aos 12 anos, nas serestas do quintal do avô. Dois anos mais tarde, ele ganhou um banjo e, com ele, passou a frequentar rodas de samba para poder mostrar seu potencial.
Nesta mesma época, ele perdeu Dona Maria Emilia e foi morar com o pai. Esse revés do destino, apesar de doloroso, fez com que Thiago passasse a conviver na região do Cachambi e de Pilares, na Zona Norte do Rio de Janeiro, bairros onde o pagode efervescia, com grupos como Revelação. Ali, ele se desenvolveu ainda mais. Aliando ousadia e persistência, Thiago foi aproveitando as oportunidades que surgiam, correu atrás de muitas outras e, “pulando de grupo em grupo”, como ele mesmo diz, acabou sendo chamado para participar da criação do grupo Clareou.A fase com o Clareou durou oito meses, até que Thiago recebeu o convite para passar a integrar o Bom Gosto, após a saída de um dos vocalistas. Com o apoio dos parceiros do grupo, ele agarrou mais essa oportunidade e, durante quase cinco anos, brilhou junto com o Bom Gosto. Em 2013, o cantor deixou o grupo e decidiu seguir em carreira solo, mas, durante um bom tempo, ele acabou privilegiando seu lado compositor, sem, no entanto, abandonar os palcos. Desde 2018, Thiago optou por investir com mais energia na faceta cantor e vem colhendo os frutos, graças a seu talento e perseverança.
Atualmente, com mais de 100 mil seguidores no Instagram e pouco mais de 26 mil inscritos em seu canal no YouTube, onde tem mais de 3 milhões de visualizações de seus vídeos, Thiago Soares se prepara, agora, para lançar um novo álbum, produzido por Leandro Sapucahy e com repertório, em sua maioria, autoral.
No Carnaval 2020, uma das composições de Thiago estará presente na Marquês de Sapucaí, Junto com os compositores Magal Clareou, Diogo Rosa, Júlio Assis, Jean Costa e Dario Jr, ele assina o samba da Beija-Flor de Nilópolis, escola onde cresceu e que vai levar para a Avenida o enredo ‘Se essa rua fosse minha’, dos carnavalescos Alexandre Louzada e Cid Carvalho, sobre as estradas, rotas e caminhos por onde a Humanidade passou.
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